terça-feira, 3 de maio de 2011

SAINDO DO ARMÁRIO...

Depois da grande decepção... eu segui em frente. Mesmo sofrendo com as minhas dúvidas e sofrendo por essas paixões malucas. Pensei que talvez as garotas tivessem medo de se relacionar comigo, pelo fato de eu estar me descobrindo. Elas queriam garotas seguras e não alguém como eu, o que é natural. Isso foi mudando com o tempo...

Ninguém imagina como é essa batalha. Uma batalha psicológica que chega a ser inenarrável. Nós não escolhemos gostar de outra mulher, isso acontece de forma natural, assim como é natural sentir medo desse sentimento.
Eu mesma, tantas vezes tentei fugir dos meus pensamentos e das minhas vontades. É confuso no começo. Em alguns momentos me sentia um extraterrestre, uma louca.

Mas, um dia eu tive coragem de enfrentar meus medos. Um dia eu consegui sair da minha casca. E foi é claro por causa de uma menina. Era bonita demais e foi ela que me fez querer abrir o jogo em casa. Eu já não suportava mais a sensação de mentir. Até por que odeio mentiras e mentir para minha família era como levar uma facada por dia.

Comecei contando para o meu irmão... por e-mail, pois não tinha coragem de falar pessoalmente. Depois para minha irmã também por e-mail.
Ambos ficaram em estado de choque, conversaram e decidiram que eu era irmã deles e que isso não mudaria, pois eles me amavam do jeito que eu era. Depois, eles se encarregaram de abrir o jogo para minha mãe.

Rios de lágrima é pouco. As conversas alternavam entre lágrimas, gritos, desabafos...
Os dias em casa eram os piores possíveis. Ao mesmo tempo que eu ficava perdida com meus sentimentos, estava ficando com a garota e vivendo a maior batalha da minha vida em casa. Em alguns dias não havia conversa em casa, todo mundo se ignorando.

Meus irmãos alternavam muito no sentido de me dar apoio, ficavam muito confusos e eu entendo eles. De certa forma eu sabia que não era simples para eles entenderem e aceitar isso. Quanto mais para minha mãe com seus conceitos religiosos.
Na verdade, o maior medo deles era "o que os outros vão falar". E esse no fundo também era o meu medo embora eu não admitisse isso.

Porém, o tempo cura tudo. E com o tempo as coisas foram mudando. Minha mãe fez terapia, contou para o resto da família e hoje todo mundo sabe e me respeita do jeito que eu sou. Procuro me manter discreta no ambiente de trabalho e no meu dia-a-dia e nada mais. Faço isso para não criar conflito apenas. Querendo não preconceitos existem, por isso é melhor se preservar de algumas coisas...

Essa batalha de sair da casca é para poucos e é preciso ter coragem sim! Talvez, devido a tantos paradgimas, tantos conceitos religiosos, tantas idéias que são impostas pela sociedade, a maioria das pessoas que sentem desejo por outra do mesmo sexo acabam vivendo para sempre na casca. Muitas em casamentos frustrados, tantas outras casadas de fachada e aprontando fora do casamento. O que eu acho muito pior do que assumir a homossexualidade.

Mas, hoje eu sei que valeu a pena enfrentar tudo aquilo. Valeu a pena pela minha felicidade. Valeu a pena por que hoje eu me sinto bem podendo viver meus desejos. Por que eu mostrei para muita gente que não era nenhum bicho de sete cabeças eu ser homossexual, que não era nada de tão absurdo assim, que eu não deixei de ser eu mesma por ser assim, que eu não deixei de ter carater por que eu gosto de mulher...

Alguns dos meus familiares inclusive, foram surpreendentes na aceitação. Conheceram minha companheira numa boa e a trataram bem. Claro que sempre tem aquele que fala mal pelas costas, que te olha meio de lado, mas eu ignoro e pronto. Dane-se. Ninguém paga minhas contas (claro hoje sou independente e esperei ser para abrir o jogo em casa, na adolência seria muito complicado fazer isso).

Vou continuar escrevendo sobre isso, por que na verdade sei que a descoberta é lenta. A aceitação consigo mesma é mais ainda. Demorou anos para mim...

No próximo texto vou falar sobre os amigos que perdi e sobre o que mudou na minha vida... e depois sobre MULHERES... como são belas as mulheres...

Abraços a todas as minhas leitoras

2 comentários:

  1. Me identifico com tua historia de vida...muito parecida com a minha*-*

    Beijokas!

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  2. Oieee!!!
    Sou Maria Julia, tenho 26 anos, ha exatamente um ano estou me relacionando com uma mulher, ela é lesbica assumida, já eu nunca havia ficado com mulher nenhuma. Minha infância foi de uma menina normal que brincava de boneca, nunca me interessava por bola ou coisas de menino, sempre fui vaidosa, muito feminina, comecei a namorar com 14 anos e de lá até o ano passado só namorei com homens, eu tinha vontade de ficar com mulheres, mais nunca falava pra ninguem. Até que conheci essa pessoa e rolou um beijo, depois de alguns dias saimos e terminei meu noivado pra ficar com ela, estamos até hoje juntas. Ela me faz muito feliz, não consigo ficar um dia sem vê-la, a cada dia que passa aumenta mais ainda meu sentimento. Porém tenho medo que um dia isso passe que seja apenas uma fase pra mim, só de pensar nisso sofro muito, não suporto a ideia de fazê-la sofrer. E assim, eu não me assumi para minha familia e nem para amigas minha, não sei o que pensar ou que fazer.

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