terça-feira, 25 de outubro de 2011

SERÁ QUE EU SOU GAY???

MEU DEUS!! SERÁ QUE EU SOU GAY??? rsrs... É TÃO, TÃO, TÃO DIFÍCIL RESPONDER ESSA QUESTÃO QUANDO DE REPENTE VOCÊ SE VÊ BEIJANDO UMA PESSOA DO MESMO SEXO.
E SÓ QUEM PASSA PELO PROCESSO DE "SAINDO DO ARMÁRIO" ENTENDE O QUE ESTOU DIZENDO.

TENHO UMA AMIGA QUE RECENTE SE ENVOLVEU COM OUTRA MENINA QUE DIZ SER HÉTERO. O QUE EU JÁ DISCORDO, POIS PENSO QUE A PARTIR DO MOMENTO QUE VOCÊ SE SENTE INTERESSADA (O) POR ALGUÉM DO MESMO SEXO É BISSEXUAL. O QUE TAMBÉM É BASTANTE COMUM. TEM GENTE QUE CURTE AS DUAS COISAS. POR EXEMPLO, TEM MULHER QUE SENTE DESEJO POR HOMEM (SEXUAL), MAS SENTE ATRAÇÃO POR MULHER. EU TENHO AMIGAS ASSIM. SEM CONTAR TODAS AQUELAS E AQUELES QUE TEM A CURIOSIDADE E A VONTADE, MAS FICAM ENRUSTIDOS EM SI PRÓPRIOS...

MAS, ENFIM, VOLTANDO A HISTÓRIA DA MINHA AMIGA. ELA SE APAIXONOU POR ESSA MENINA QUE DIZ QUE É HÉTERO. PORÉM, A TAL MENINA FICA COM ELA COM FREQUÊNCIA E CONTINUA DIZENDO QUE É HÉTERO E QUE VAI CASAR COM HOMEM, TER FILHOS E VIVER UMA VIDA COMUM AOS OLHOS DELA.

A MINHA AMIGA, ASSUMIDA, POBRE, NÃO SABE O QUE FAZER. SE CONTINUA FICANDO, SE SAI FORA E PARTE PARA OUTRA. O NEGÓCIO É COMPLEXO!

AS VZS A MENINA SÓ FICA COM ELA POR CURTIÇÃO, AS VZS PODE SER POR CURIOSIDADE, AS VZS POR NÃO TER ENCONTRADO O CARA CERTO, AS VZS PQ ELA É BI E NÃO HÉTERO COMO DIZ SER, AS VZS POR QUE ELA TEM MEDO DE ASSUMIR PARA ELA MESMA E PRINCIPALMENTE PARA OUTRAS PESSOAS QUE GOSTA DE MULHER E NÃO DE HOMEM. É AQUELE VELHO PRECONCEITO QUE NÓS LEVAMOS DENTRO DE NÓS, AQUELE QUE FOI PLANTANDO PELOS NOSSOS TATARAVÓS, BISAVÓS, AVÓS, PAI E MÃE... E QUE ESPERO NO FUTURO NÃO SEJA PLANTADO PELOS PAIS DE HOJE.

CONFESSO QUE AO SAIR DO ARMÁRIO EU FUGIA DE MENINAS "PROBLEMA". OU SEJA, GAROTAS QUE AINDA ESTAVAM INDECISAS SOBRE A ORIENTAÇÃO SEXUAL. SEI LÁ, DE INDECISA JÁ BASTAVA EU, IMAGINA ME ENVOLVER COM OUTRA INDECISA. EU PRECISAVA DE ALGUÉM QUE JÁ ESTAVA CERTA DO QUE QUERIA, POR QUE EU SABIA QUE SÓ ASSIM EU IRIA CONSEGUIR PERCEBER SE O MEU DESEJO ERA SÓ CURIOSIDADE OU SE ERA MESMO POR QUE EU SEMPRE GOSTEI DE MULHER.

DE FATO, EU SEMPRE GOSTEI. SÓ QUE COMO VCS JÁ SABEM, NÃO QUERIA ADMITIR PARA MIM MESMA.

HOJE QUANDO ANDO NA RUA E VEJO UMA MULHER BONITA EU PENSO "UAU QUE GATA". E QUANDO VEJO UM HOMEM BONITO EU PENSO "TÁ É BONITO". E COMO EU SEI QUE GOSTO DE MULHER? POR QUE DE MULHER TENHO VONTADE DE ME APROXIMAR E DE HOMEM NÃO. HOMEM EU MANTENHO AMIZADE. ALIÁS, TENHO MUITOS AMIGOS HOMENS E ME DOU BEM COM TODOS ELES.

E A MINHA AMIGA? BOM ELA TÁ LEVANDO ADIANTE COM A HÉTERO DELA...rsrs... QUANDO ELA VEIO ME PERGUNTAR O QUE DEVIA FAZER EU APENAS DISSE "AMIGA, FAZ O QUE TEU CORAÇÃO MANDAR". DEIXA SER, POR QUE O QUE FOR PRA SER VAI SER. A HÉTERO TÁ LÁ, OU ENGANANDO A MINHA AMIGA, OU TENTANDO SE SOLTAR DA CASCA COMO EU FIZ E COMO TANTAS OUTRAS FIZERAM.

SEJA COMO FOR, HÁ CASOS E CASOS. PESSOAS E PESSOAS. INDECISAS, CONFUSAS, COM MEDO. EU SEMPRE DIGO: O MAIS IMPORTANTE É SEGUIR A VOZ DO CORAÇÃO!

ABRAÇOS MINHA SEGUIDORAS, LEITORAS E LEITORES.

ATÉ O PRÓXIMO POST

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Hoje talvez eu não me preocupe mais tanto com o que as pessoas pensam sobre mim. Sobre o que sou. Sobre o que faço entre quatro paredes (que diga-se de passagem é muito bom).
Mas, me preocupei muito com isso no começo. Embora eu sempre usei meu velho disfarce e dizia para mim mesma “to nem ai para o que os outros pensam”.
No fundo a gente se importa um pouco com o que os outros pensam. E deixar de se importar é um processo um pouco longo.
O que me incomoda é aquela velha questão... Por que será que as pessoas não entendem que amor é AMOR. E não importa se é entre homem e homem, mulher e mulher, homem e mulher. É amor! Simplesmente amor.
Tudo bem! Deixa pra lá. Não adianta bater na mesma tecla. Acho que isso não vai mudar tão cedo. Não tão cedo quando esperamos. Talvez num futuro distante. Embora já tenha mudado muito.
Quando eu comecei minha carreira... ou melhor falando, quando sai do armário. Por alguns momentos eu pensei “será que ainda gosto de meninos”. Mas, isso passou com o tempo. Passou quando me dei conta que tinha me libertado daquelas grades que me faziam mentir pra mim mesma e me aceitei.
Passou quando vi que olhava para mulheres bonitas na rua a pensava “uau” sem ficar com medo desses pensamentos. Quando percebi que mesmo achando um ou outro homem bonito (até pq não é por lésbica que não acho homens bonitos) não sentia vontade alguma de estar com eles.
Mas, as mulheres. Ah as mulheres, elas despertavam em mim sensações inexplicáveis... despertam sensações loucas... arrepios... entre outras coisas que não posso escrever aqui (vai que tem alguém de menor) rsrs
Gente é isso por hoje
Rapidamente, pois o tempo é curto!
Beijos
Obrigado pelos comentários e pela companhia de vocês.
Acompanho e leio todos os blogs e adoro!!
Beijos
C.

terça-feira, 12 de julho de 2011

LIBERDADE!

De todas as coisas que eu sinto falta...

A que mais sinto falta do mundo hétero em que eu vivi por uma boa parte da minha vida é da liberdade. A liberdade de andar de mãos dadas na rua sem ser vista como um ser abominável. A liberdade de poder demonstrar meu sentimento quando sentir vontade sem ter que me esconder.A liberdade de falar com os amigos sobre o relacionamento...

É claro que não quero sair pela rua beijando para todo mundo ver. Até por que não acho isso legal nem da parte dos héteros. Tem lugares e lugares para cada coisa. Lugar pra agarrar, pra pegar, pra namorar. Mas, às vezes tenho vontade de fazer coisas simples, como pegar na mão na mesa do restaurante, de fazer carinho, de olhar nos olhos sem me preocupar com os que estão a volta.

Coisas tão simples, mas tão complicadas para quem é homossexual.

Infelizmente, desde que o mundo é mundo existem preconceitos. E assim será por que é difícil mudar a cabeça de tantos seres humanos carregados de ódio, tantos moralistas. Tanta gente que insiste em julgar os outros. Isso não vai mudar! E eu sei que tenho que me acostumar.

Até por que, eu moro numa cidade onde conheço muita gente, tenho meu emprego e querendo não por imposição da sociedade fico obrigada a me privar das minhas vontades e expressar minha verdade, meu sentimento, meu desejo.

E muitas vezes, fico deprimida por não poder fazer muita coisa para mudar a cabeça dessa gente que vive criando conceitos e achando que todo mundo deve seguir padrões. Outras vezes, porém, me sinto feliz por não ser uma pessoa padronizada. Uma pessoa que segue conceitos tolos do homem.

Fico realmente triste em ver como as pessoas se preocupam com o que outro é e com o que o outro faz. Querem brincar de Deus e dizer “você vai pro inferno por isso e por aquilo”...E no fundo ninguém é bom o bastante e correto o bastante para dizer o que é certo ou errado, para julgar o outro simplesmente por ele não seguir o que eles querem.

Diversidade! Diversidade está presente em tudo, na música, na cultura, nas religiões, nos esportes, na dança...etc... O mundo é diversidade!

Cada um tem direito de viver sua vida do seu jeito. Eu não quero ser militante e nem revolucionária. Eu quero apenas liberdade para expressar meus sentimentos. Eu quero apenas andar na rua e ser tratada normalmente, como ser humana que sou.

Ser humana que ama, que chora, que sofre, que trabalha, que estuda, que corre atrás dos sonhos, que tem respeito pelas diferenças.

Mesmo assim, sem a liberdade... Eu prefiro mil vezes amar do meu jeito. O amor sem preconceito que eu aprendi a viver. O amor que é tão bonito e tão puro quanto qualquer outro amor. O amor de uma mulher por uma mulher.

(ficou meio melancólico esse texto, talvez dramático, mas é o que eu penso e sinto)

Abraços a todas!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

SEMPRE ESCONDI...

Eu sempre mascarei de mim mesma a vontade que eu tinha de estar com uma mulher. Quando sonhava com isso eu dizia pra mim que aquilo era só sonho. Sonho que se sonha só!

Às vezes andando pela rua, enquanto estava indo para o trabalho, eu olhava para alguma garota que suspeitava ser homossexual e pensava "Uau". Na verdade eu tinha inveja das mulheres que tinham a coragem de assumir sua condição e tinha uma vontade enorme de saber como era sentir uma mulher.

Graças que eu tive "coragem". Por que a gente sabe que é preciso ter muita coragem pra sair do fundinho do armário né!

E acho que como qualquer outra coisa... a primeira vez a gente nunca esquece. A gente não esquece o primeiro amor, a primeira transa (mesmo que dolorosa e com um homem), e a gente não esquece a primeira mulher que fez uma revolução em nossa vida e nos fez ter coragem de sair da casca...

Aquele dia chuvoso vai ficar pra sempre na minha memória. A forma como eu tremia todinha... e a forma como fiquei depois que ela foi embora. Meu corpo parecia estar em outro mundo. Um mundo novo e cheio de armadilhas. Perigos, medos, preconceitos! Ali estava eu, como uma criança que tinha feito arte, mas que se sentia mais feliz do que ninguém.

Só que... como nada na vida é perfeito, aquela saída da casca deu inicio a pior fase da minha vida. Não gosto de lembrar do sofrimento da minha mãe, da forma como ela me olhava triste e das lágrimas que corriam do seu rosto. Não gosto de lembrar das coisas que escutei dos meus irmãos e da minha mãe.

Hoje, a tempestade já passou. Eu sei que outras vão surgir. Por diversos outros motivos..

Fato é que eu não consigo e acho que não quero que a minha vida seja diferente. Eu me sinto feliz de ser quem eu sou. Do jeito que sou. Lésbica, gay, homossexual, sapatão. Chamem como quiserem.

A sensação de ser tocada por uma mulher é algo sem explicação. Os lábios suaves, a pele macia, o cheiro, os cabelos, as curvas. EU gosto disso! Eu gosto mesmo que não tenha liberdade como gostaria de ter para gritar ao mundo essa verdade...

No próximo texto vou escrever sobre essa "falta" de liberdade do mundo Gay.

BEIJOS A TODAS

Já faz tempo...

Já faz tempo, mas algumas coisas não mudam. Certas pessoas (especialmente da sua família) vão continuar te olhando com aquela cara de quem pensa "Coitada dessa guria, é sapatona, que decepção pra mãe dela". Outras vão te olhar e dizer "Fulana você está no pecado, não segue a palavra, você vai pro inferno".

é praticamente natural vindo de uma sociedade que ainda tem preconceito com negros, deficientes, obesos, albinos, etc. Isso não vai mudar. As pessoas até podem respeitar, mas nunca e jamais vão deixar de lado o preconceito que foi plantado em suas raizes. Piadinhas sempre vão existir e temos que conviver com elas.

às vezes alguns comentários até incomodam um pouco. Dá uma vontade louca de chegar e falar umas boas pra certas pessoas, e depois mandar a merda. Mas, logo eu penso: Pra quê? Não adiantaria nada. Seria perda de tempo e além do mais isso só demonstraria que eu realmente me importo e me preocupo com o que falam eles.

Sim! Em alguns momentos eu ainda me preocupo com o que dizem, mas finjo não me importar e logo esqueço. Não quero dar esse gostinho para a sociedade.

Outro dia fiquei sabendo por uma amiga sapatinha que uma colega de trabalho estava espalhando pra todo mundo que eu tinha me assumido e tava morando com uma mulher. Eu podia ir lá tirar satisfações com a fulana, mas preferi ficar na minha. Deixa essa coitada pensar o que quiser.

Ainda ontém, minha mãe me ligou dizendo que uma tia beata disse que não era pra eu abandonar a igreja, mas que eu não posso comungar. Eu dei risada.

Primeiro por que sou absolutamente desprendida dessa coisa de religião e principios. Eu acredito em Deus do meu jeito! Não preciso de doutrinas criadas pelo homem. Homem que gosta de brincar de Deus e quer sempre impor suas vontades na sociedade. Ou alguém ainda acredita que Biblia nunca foi modificada pelo homem para seu beneficio proprio??Hem? Um livro de mais de 2 mil anos? Do jeito que o homem é um ser maldoso! Bom, mas não vou entrar no tema religião, até por que não é meu foco.

Não dei bola para o que a tia beata falou por que tenho a minha consciência tranquila referente a pecado. Pecado é o que fazem esses politicos corruptos. E se amar for pecado então... o que é certo???

Um padre disse pra mim que eu não sigo a palavra e por isso não vou pro céu. Educadamente eu respondi que se eu não vou pro céu por que amo pessoa do mesmo sexo, ninguém vai. Por que ninguém nesse mundo segue totalmente a tal "palavra" e ninguém nesse mundo é perfeito o bastante para nunca errar. Nem mesmo eles, esses hipócritas que ficam pregando coisas que nem eles cumprem.

Deve ter bem pouca gente no céu não acham?

Eu já sofri muito com os comentários das pessoas e acredito que muitas de vocês sofrem, ou vão sofrer. Hoje eu aprendi a enfrentar essas coisas. Por isso, quando alguém te olhar fazendo carão, quando alguém vier com papo de principios. Não dê bola. No fundo são todos uns coitados!

FIM
e obrigado pelos comentários!!!!!!!!!!
É isso que eu penso.

terça-feira, 10 de maio de 2011

As amizades que perdi...

Eu tinha muitos amigos heteros enquanto estava no armário. Nunca me abri com nenhuma das minhas amigas, exatamente por que tinha medo de perder essas amizades.
Demorou um tempo para que eu tivesse coragem de contar e fiz isso primeiramente por e-mail. Sempre fui melhor com as palavras escrevendo...

Passei uma tarde toda elaborando um texto enormeee contando aos meus melhores amigos sobre a minha sexualidade. Envie para todas de uma vez só num impulso de coragem. As respostas? Bom elas foram positivas, todas disseram que nada ia mudar, que continuariam minhas amigas, etc e tal. Mas, não foi assim que aconteceu na prática.

Todas aquelas amigas as quais eu tinha consideração foram aos poucos se afastando. Nunca mais recebi convites para fazermos as coisas de antes. Nunca mais recebi telefonemas, e-mails, scraps. NADA! Simplesmente acabou. E pior, essas mesmas amigas as quais eu tinha tanta consideração e respeito, passaram a me procurar somente quando precisavam de favores. Uma roupa emprestada, uma ajudinha pra isso ou pra aquilo.

Entretanto, novos amigos surgiram. Novos e importantes amigos. Na verdade eu aprendi a dar valor pra pessoas mais simples, aquelas pessoas que tinham consideração por mim e que eu não dava muita bola. Para mim isso também serviu de lição.

Em casa com a minha mãe, foram meses convivendo no sofrimento, com brigas constantes, ouvindo e falando coisas horriveis... até que eu criei coragem e sai de casa (ou melhor, fui expulsa)...rs, mas confesso que foi a melhor coisa que aconteceu.

Os amigos, muitos dos vários colegas dos tempos de colégio não sabem. Poucos sabem. Dos que sabem, muitos se afastaram. Outros se aproximaram e foram mais compreensivos do que eu imaginava.

A vida é assim, um perde e ganha.

No meu caso, valeu a pena enfrentar meus medos, minhas angustias, minha família...
No meu caso valeu a pena sair do armário e viver uma vida que eu talvez não tinha imaginado, mas desejava mesmo que involuntáriamente.

Eu aprendi e continuo sempre aprendendo a me aceitar.
Eu aprendi que não sou um extraterrestre como eu pensava ser no começo.
Eu aprendi que como eu, várias pessoas passam por essa turbulência de aceitação.

FIM

terça-feira, 3 de maio de 2011

SAINDO DO ARMÁRIO...

Depois da grande decepção... eu segui em frente. Mesmo sofrendo com as minhas dúvidas e sofrendo por essas paixões malucas. Pensei que talvez as garotas tivessem medo de se relacionar comigo, pelo fato de eu estar me descobrindo. Elas queriam garotas seguras e não alguém como eu, o que é natural. Isso foi mudando com o tempo...

Ninguém imagina como é essa batalha. Uma batalha psicológica que chega a ser inenarrável. Nós não escolhemos gostar de outra mulher, isso acontece de forma natural, assim como é natural sentir medo desse sentimento.
Eu mesma, tantas vezes tentei fugir dos meus pensamentos e das minhas vontades. É confuso no começo. Em alguns momentos me sentia um extraterrestre, uma louca.

Mas, um dia eu tive coragem de enfrentar meus medos. Um dia eu consegui sair da minha casca. E foi é claro por causa de uma menina. Era bonita demais e foi ela que me fez querer abrir o jogo em casa. Eu já não suportava mais a sensação de mentir. Até por que odeio mentiras e mentir para minha família era como levar uma facada por dia.

Comecei contando para o meu irmão... por e-mail, pois não tinha coragem de falar pessoalmente. Depois para minha irmã também por e-mail.
Ambos ficaram em estado de choque, conversaram e decidiram que eu era irmã deles e que isso não mudaria, pois eles me amavam do jeito que eu era. Depois, eles se encarregaram de abrir o jogo para minha mãe.

Rios de lágrima é pouco. As conversas alternavam entre lágrimas, gritos, desabafos...
Os dias em casa eram os piores possíveis. Ao mesmo tempo que eu ficava perdida com meus sentimentos, estava ficando com a garota e vivendo a maior batalha da minha vida em casa. Em alguns dias não havia conversa em casa, todo mundo se ignorando.

Meus irmãos alternavam muito no sentido de me dar apoio, ficavam muito confusos e eu entendo eles. De certa forma eu sabia que não era simples para eles entenderem e aceitar isso. Quanto mais para minha mãe com seus conceitos religiosos.
Na verdade, o maior medo deles era "o que os outros vão falar". E esse no fundo também era o meu medo embora eu não admitisse isso.

Porém, o tempo cura tudo. E com o tempo as coisas foram mudando. Minha mãe fez terapia, contou para o resto da família e hoje todo mundo sabe e me respeita do jeito que eu sou. Procuro me manter discreta no ambiente de trabalho e no meu dia-a-dia e nada mais. Faço isso para não criar conflito apenas. Querendo não preconceitos existem, por isso é melhor se preservar de algumas coisas...

Essa batalha de sair da casca é para poucos e é preciso ter coragem sim! Talvez, devido a tantos paradgimas, tantos conceitos religiosos, tantas idéias que são impostas pela sociedade, a maioria das pessoas que sentem desejo por outra do mesmo sexo acabam vivendo para sempre na casca. Muitas em casamentos frustrados, tantas outras casadas de fachada e aprontando fora do casamento. O que eu acho muito pior do que assumir a homossexualidade.

Mas, hoje eu sei que valeu a pena enfrentar tudo aquilo. Valeu a pena pela minha felicidade. Valeu a pena por que hoje eu me sinto bem podendo viver meus desejos. Por que eu mostrei para muita gente que não era nenhum bicho de sete cabeças eu ser homossexual, que não era nada de tão absurdo assim, que eu não deixei de ser eu mesma por ser assim, que eu não deixei de ter carater por que eu gosto de mulher...

Alguns dos meus familiares inclusive, foram surpreendentes na aceitação. Conheceram minha companheira numa boa e a trataram bem. Claro que sempre tem aquele que fala mal pelas costas, que te olha meio de lado, mas eu ignoro e pronto. Dane-se. Ninguém paga minhas contas (claro hoje sou independente e esperei ser para abrir o jogo em casa, na adolência seria muito complicado fazer isso).

Vou continuar escrevendo sobre isso, por que na verdade sei que a descoberta é lenta. A aceitação consigo mesma é mais ainda. Demorou anos para mim...

No próximo texto vou falar sobre os amigos que perdi e sobre o que mudou na minha vida... e depois sobre MULHERES... como são belas as mulheres...

Abraços a todas as minhas leitoras

quarta-feira, 9 de março de 2011

continuando...

A batalha psicologica... Nossa! Como foi difícil e como demorou para passar. Eu achava que ia enlouquecer. Cheguei a pedir a Deus que me levasse embora desse mundo louco. Eu me achava anormal, diferente, uma louca.

Não parecia certo para mim, uma garota criada dentro de conceitos religiosos e padrões, gostar de mulheres. Como era difícil admitir isso para mim mesma, como era difícil pensar em de que forma eu iria contar para minha mãe, meus irmãos... minha família. E meus amigos?? Como será que reagiriam?? E minha vida profissional?? Nossa

Às vezes eu ficava horas chorando e pensando nisso tudo. Mas, foi graças àquela paixão maluca por aquela moça de sorriso largo e brilho no olhar que eu resolvi enfrentar tudo. Ela definitivamente tirou meu chão. Perdi 8Kg quando me apaixonei por ela... e depois que pela primeira vez eu beijei seus lábios, eu entendi que era isso que me fazia feliz e que ser feliz era o que eu queria para minha vida. Daquele dia em diante eu pensei "seja lá o que for é isso o que eu quero pra mim... vou ser feliz".

Bom, nosso romance não chegou muito longe, por que da mesma maneira como ela me encantou, me decepcinou quando me escreveu depois de 3 meses juntas, dizendo que era apaixonada por outra e ia lutar pelo amor da outra. Pensa numa tarde de sábado chorando sem parar?? Pois, foi assim que fiquei: aos prantos! Entretanto, aquela louca paixão me fez ir adiante e assim desejei conhecer outras pessoas e comecei a preparar o terreno em casa por que mais cedo ou mais tarde eu iria abrir o jogo.

CONTINUA...

terça-feira, 1 de março de 2011

Saída do Armário Parte IV

continuando... depois de váriooooooos tempos sem atualizar... a pedidos das leitoras... antes de tudo obrigado a todas pelos recados!!

Mas, vamos ao que interessa...
A batalha psicológica durou muito tempo. Me atormentou por vários anos, talvez por que eu tinha que vencer meus próprios preconceitos, meus medos, meus fantasmas.
Era estranho para mim mesma, aceitar que eu gostava de mulheres. Já havia namorado e ficado com meninos e aquilo parecia fazer sentido. Parecia, por que no fundo eu sentia um vazio que eu não sabia explicar.

Penso que é normal essa confusão mental quando a gente decide sair do armário, se libertar. Eu sempre soube da minha inclinação para mulheres, desde os tempos de colégio, quando via as meninas passando... mesmo assim foi bem dificil. Uma das coisas que mais me ajudou foi ler. Ler tudo que eu pudesse a respeito, saber que o que aconteceu comigo também acontecia com outras pessoas. Foi por isso que criei este blog e resolvi contar a minha história, pois sei que existem outras pessoas que passam vivem as mesmas dúvidas.

Bom, depois de um tempo na batalha para me aceitar e parar de uma vez por todas de afastar os pensamentos quando eles vinham, conheci uma garota que me enlouqueceu definitivamente. Daquele tipo de paixão avassaladora sabe?! Eu passava noites e dias pensando naquela menina que era comprometida (com outra menina). Nós nos conhecemos por acaso e ficamos amigas.

Um dia, depois de uma longa tarde de conversa ela me disse que tinha sonhado comigo e que estava com vontade de uma fazer uma coisa, porém não podia, e eu respondi que entendia a situação, mas usei a minha frase favorita "é melhor se arrepender de algo que a gente fez, do que se arrepender daquilo que deixamos de fazer". Foi um único beijo, um único abraço, um único momento que me fez de uma vez por todas querer assumir minha orientação sexual diante da minha família.

E continua...

(agora vou começar a contar como foi minha saga com a família e minha saída de casa)

Abraços a todas leitoras